quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Testando dentes em frios corações

Tivemos medo de nos ferir no processo infinitesimal de uma microcirurgia sentimental. Ao mesmo tempo em que eu não queria fugir, eu não queria ficar, ao mesmo tempo em que você não queria ficar, não queria fugir e isso fez toda a diferença na hora de tirar os instrumentos de dentro do corpo inerte que se tornou a vida que criamos. Corpo de dentes fortes, prontos para morder o mais frio dos corações, até ter que morder seu próprio coração.
O amor é autofágico. Testo dentes em frios corações. Só se amolece corações de pedra com a água que é uma líquida palavra quando bem colocada, não há óleo que dê jeito e não adianta bater, coração não fura e se fura, quebra, mas quando tratado pelas mais belas palavras, amolece como o núcleo de uma grande estrela, tão luminosa por fora, mas de coração amolecido por dentro e portador de calor incalculável.
O que acontece quando o fim está tão próximo e não há mais barcos para recuar? Fomos tão longe, navegamos tantas luas, cada uma tão infinita quanto a anterior, surfamos as montanhas de um planeta que eu ainda guardo a areia que ficou nos bolsos e que a máquina de lavar não fez escorrer pelo ralo, mas não consegui segurar a mão que, não esticada, mas tímida, gesticulava códigos que eu sou incompetente em decifrar. Me forjei incompetente em te decifrar perto do fim.
No fim o mar se desfez na plenitude branca de uma nuvem, o cachorro do vizinho morreu, e a gata de casa não voltou de suas excursões noturnas. A prateleira que eu, com ajuda, preguei à parede, foi brutalmente arrancada e meu coração esfriou como o de uma estrala que já não brilha mais e ficou na espera de água, que só essa amolece frios corações.

3 comentários:

Unknown disse...

Tá, esse foi um texto caótico... o.o'

Débora Oliveira disse...

Perai que ainda to tentando acompanhar o raciocinio!

Unknown disse...

Segundo o Carpinejar então estamos quites