domingo, 22 de novembro de 2009

O que eu quero...

Eu queria as chaves
Dos teus sonhos perdidos
Eu queria as claves
Dos teus cantos não ditos

Eu queria os castelos
Das tuas cartas seladas
Queria todos os elos
Das tuas costas aladas

Eu sou apaixonado pelo seu olhar de quando vem ao meu mundo
Por isso eu quero tudo que te faz sempre figura e não fundo

sábado, 7 de novembro de 2009

Estações

Abrir as janelas em doces verões
Na loucura que se configura meu olhar
Sanado apenas pelas insolações translúcidas
Verdes acastanhadas belamente meladas
De caminhos luminosos de ver

O comum calor agora se intensifica
Assim como os dourados das peles
Como o desabrochar da brisa quente que fica
Ou o orvalho dos dedos substituídos rapidamente
Pelo suor que desce displicente

É então que a água em banhos marítimos
Vem como furacões alheios a falta de ar
E os pés molhados pelas ventanias de ondas
Esquecem o calor que choveu do chão
Preguiçosa estação

O outono enche de amor os dias e as imagens
Como se o amor mudasse de cor
E se tornasse o marrom que cobre o chão
Só para chover em cima daqueles que passam
E dar mais trabalho ainda àqueles que o guardam

É quando ele se torna as folhas caídas
E dá alegrias aos que o aguardavam
Aguardam tudo cair do céu como um poente
Como a lua que cai no mar ainda quente
E espera o marinheiro chegar

É então que cada folha ganha a liberdade
Que só teria se fosse flor
De acariciar, sorrateira, mas certeira
Os cabelos das passantes desavisadas
Sagaz estação

Quando chegam os cheiros, quando chega a voz
Quando os odores disparam como luzes
Quando essas flores encandeiam sentidos
Quando todos resolvem poetizar
Quando tudo parece querer ser poesia

Fica parecendo que o dia criou asas
Ou que as asas criaram os dias em ninhos
E os deixaram ir de repente.
Os dias foram embora e só deixaram cores
Que passam horas coloridas e distantes

Partos são primaveras gritadas
Primeiros beijos são primaveras silenciosas
Olhares são primaveras rasgadas
Conversas são primaveras ociosas
Criativa estação

O frio chega inevitável como a vida
Chega como a amiga querida
Que deixou seu castelo e veio a cavalo
E me faz entender porque me calo
Diante de toda pele macia

Chega inabalável em sua força fria
A procura de abrigo deixa de ser escolha
Nos abrigamos em espaçosos corações
Apenas abertos pelo segundo do piscar
Para aquecer, para fazer crescer abraços

Então nos vemos encobertos pela neve
Que, alheia ao desejo que ferve, nos espreme
O inverno nos torna flores e nos junta em buquês de lírios
Temo descobrir no inverno, na falta de calor, teu amor
Descoberta estação

domingo, 1 de novembro de 2009

Coleção




Coleciono vidas alheias
De ninguém em especial
De ninguém que me viu
Colecionando promessas
Colecionáveis palavras
Espaçosas e espessas
Coleciono emoções
Que se fazem em meu destino
Caminhões de mudança

Coleciono erros
Coleciono desacertos
Coleciono infâncias

Coleciono porque sou colecionável
Coleciono para que me tenhas em álbum
Coleciono para que me tires na sorte

Os incolecionaveis dias friorentos em que fazem sol eu guardo em pedra
Assim como a conversa sobre a cor da brisa do dia e as coisas banais


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Na ordem: Moeda de lugar desconhecido (alguém poderia me dizer de onde é?)
Selos comemorativos literários: Mario Quintana, poeta-jornalista-escritor-brasileiro (alguém me arruma um?); Vladimir Mayakovsky, poeta-russo; e Rimbaud, poeta-francês.