quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Lê em pensamento. Pensa alto de mais.

Todas as noites ele sonha com ela. Todas as noites ela é aquela em seus sonhos e ele é aquele que não sabe para que vive. Ele é amigo dele mesmo, anda de pés descalços pela calçada, e agora, sopra sua própria vela de retalhos, todos da mesma cor, ele é o vento galopante, errante, errado, torto, que nunca acerta a direção.

Pra quem ele vive? Ele é dois em um. Ele crê em sua própria caminhada, ele dá giros e giros em volta de si mesmo sem sair do lugar, mas indo mais longe do que qualquer um, em seu lugar, poderia ir.

Às vezes ele dorme muito mal. Pensa, durante o dia, se há sonhos, do outro lado da cidade. E se houverem? Como serão? Como um sonho de verão? Se for assim, quem tocará o violão, ao por do sol, vendo aqueles dentes sorridentes?

Ele não tem a cor que o vento gosta. Não tem o traço de linha reta, nem o caderno todo escrito em letra bela.

E durante o dia ele pensa. Viciou em pensar. Não consegue mais parar. Mas joga todos os seus pensamentos no armário da cozinha, todas as vezes que passa por ela antes de sair de casa. Ele quer fazer melhor que isso. Não quer só pensar alto, ele quer pensar em voz alta. Ele quer fugir de casa. Uma fuga que ele sabe que acabará em gritos. Gritos de alegria e de ira.

Ele enxerga mal, óculos enterrados no alto do nariz. Ele se força a calar, pois sabe, não só ela enxerga, como sente bem.

Susto. Hoje ela viu, hoje ela reclamou. Falou e desfalou, respirou, suspirou e jogou tudo nele, ralhou e ele a imaginou como sol, emudeceu e ele a seguiu com o olhar e ele se viu como girassol, e, por último, deu um grito.

À noite vai encostar tranqüilo ao lençol enrolado que chama de travesseiro.

Que os anjos vão a (in)festa(r) de sonhos (d)as tuas noites.

Que os anjos vão a infestar de sonhos as tuas noites.

Que os anjos vão a festa de sonhos das tuas noites.

Eles vão, não em vão.

domingo, 16 de setembro de 2007

Poeiral

Porta á fora

E vai a forra

Meu desejo


Bate hora

E vai embora

Com um beijo


Chega tarde

O que encarde

O que espera


Só um grito

Feito mito

Feito a fera


Vêm desculpas

E põe a culpa

Toda nele


Ele é vil,

Pois ele viu

E calou


Vagou só

Levou pó

Sob tapete


No final

Ele soprou

E foi festa



Agradecimentos à Thiago "Walmondes" Cerqueira

Para Angélica, que gosta do 3...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Sobre ele

O amor vem do nada. Ele é um tímido incorrigível, mas acima de tudo, o amor é esperança.

O amor não é paciente, mas, mesmo assim, ele espera, todavia, nunca quieto, ele vence a timidez para ficar se remexendo dentro de nós, por que conosco ele nunca é tímido, só conosco.

Temo, mais que tudo, a cegueira, pois o amor está no coração, mas, sobretudo, nos olhos.

O amor é torta de limão, doce, salgado, azedo.

O amor é pastel, nos ruins, só vento, nos bons um interior quente, reconfortante e acolhedor, quase uterino.

O amor é um besta que passa horas esperando um ônibus, ou o carteiro, ele sempre esquece o bom senso.

O amor é imortal até em seu leito de morte.

O amor é A. Amoral. Atemporal. E atemporal em sua amoralidade.