sábado, 15 de janeiro de 2011

Poesia espacial numero 6

Aquela linda astronauta
esqueceu de apertar alguns botões ao sair da nave
e colocou novamente em pauta
um antigo e orgulhoso entrave

pois no espaço perdem-se os dias preguiçosos
transformam-se automaticamente em revoluções
apenas revoluções de um modo repetidamente ocioso
restam apenas as luzes chamando nossas atenções

brilha e brilha esse preocupado painel
sem saber que meu amor já se esconde por trás desse estrelado véu

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cinderela desvairada

Não acredite que meu amor durará para sempre, que terás sempre em mim essa força de aço inoxidável jazido em cima da mesa de jantar como o perene anuncio de quem ainda está por vir, não acredite nos meus sentimentos sonhadores, porque até meu amor sonha, perdoe-o por se achar tão verdadeiro, não acredite em nada que eles dizem, não acredite nessa verdade enlouquecida, acredite apenas que meu coração não se encontra são e essas palavras são só bobagens, aquele falatório dos loucos varridos às paredes.
Não acredite em uma só palavra amorosamente contida que pronuncio, a própria pronuncia já não importa, não acredite que essas flores são flores de amaranto. Não acredite em meus bons sonhos, creia apenas que eles são divagações insanas que a insônia toma. Não acredite na vagarosidade de meu esquecimento, acredite que ele é como o vento, que minha memória tem vencimento, prazo de validade, estoura muito antes da meia noite como uma desvairada Cinderela.
Não acredite nem mesmo na minha insônia, se sonho, como posso tê-la? Vê como são inconsistentes esses meus falatórios?
Não acredite quando meus olhos se abrem, eles foram desmatados.
Não acredite e estarás profundamente errada...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E assim vai...

esses lugares onde atravesso
esses tremeluzidos da água
essa página que engole o sol
se tornando assim um verso
iluminado como eu não esperava
pequeno como eu não queria

de fato da menor das folhas secas
sairá o mais belo poema do dia