domingo, 30 de março de 2008

Da série: Poesias ruinzinhas

Hoje descobri

Que ainda tenho olhos de criança

Que nem mesmo essa distância,

De tantos anos e amores,

Tiraram da minha vista

Os castelos de areia,

Os lençóis feitos capas

Os quadrinhos de cada revista...

E meu coração, eu tinha que falar dele,

Pois nele, ele, estava cheio de esperança.

Então vou ficando por aqui

E riscando esse verso feio e clichê, sem discrepância,

Para voltar a pensar em quem me fez reencontrar a felicidade de infância.

Reencontro

Reencontro as velhas peças de xadrez, os bonecos faltando membros, mutilados pelo cachorro, reencontro as bolas de gude, os desenhos em papel amarelado, as antigas cartas de amores passados, que, sem eu saber, já estavam todos fadados ao fracasso...

Reencontro velhos amigos de infância que, com sede de novas histórias, põem-se a formular perguntas começando sempre com: “há quanto tempo?” e eu me ponho a responder, carrancudo: “se eu fosse tão importante, você saberia...”

Reencontro coisas novas. Coisas que eu pensava velhas surgem tão belas, encantadoras e originais quanto o velho nascer do sol,

Reencontro, por fim, aquela felicidade de infância, que passou tanto tempo perdida em meio a bagunça da vida, aquela felicidade que só se encontra quando se espera pelo sol.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia de Eclipse

Que dia triste...
Não pela chuva ou pelas nuvens
Nem por esses olhares de ninguéns
Transeuntes e vai-vens
Nesse dia triste, ele insiste
Não desiste, não acaba
Desaba, vai!

Garrafas d’água. Segunda marcha,
Devagar...

Esse dia insiste em me dizer
A cada hora que cada minuto
São sessenta segundos que insistem em viver
Peito em bater, e os olhos sem ver
Eclipse de você...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Noto

Notei como é bom ouvir-te dizendo meu nome.

Notei as asas saindo das suas costas quando você levantou vôo, só para me deixar boquiaberto com tanta beleza. E você voa logo agora que estava tão perto? Vai seguir nuvens? Fazer tempestade? Ou realmente trazer o sol de volta nos olhos? Nos seus e nos meus.

(Nos seus e nos meus sonhos repicarão os mesmos sinos, passará o mesmo tempo, quebrarão as mesmas ondas, virá dourar o mesmo sol, pratiar a mesma lua).

Notei teus dedos delicados, devagar, desfiando as notas do vento enquanto passavam pelo ar.

Esse olhar de apaixonado que nota tudo que vê...

Essa foi a primeira que notei. Notei meu próprio olhar.

Notei, lembrei de notar, lembrei de anotar todas as coisas bonitas que eu pensei de manhã, anotei-as no braço, por falta de papel.

Eu torço tanto pra isso tudo fazer sentido, sabia?

Todos os poemas, todas as canções bem letradas, todas as tiradas.

Toda essa coisa melosa, eu torço para que elas não te assustem, como assustam declarações exageradas de primeiro encontro.

Note! Note como fico vermelho, me note pelo espelho ou pela telhinha do mp4, apenas note, já vou me satisfazer.

Note o brilho dos olhos, esses são mais difíceis por causa dos óculos, mas tente, já vou me satisfazer.

Note, mas, se não notar, vou bater em tua porta, te chamar de “boba” e te calar a boca com um segredo que já sei e decorei.

quinta-feira, 6 de março de 2008

História "Mel(osa)"

Escrevo essa história melosa.

Eu adoro parágrafos com uma frase!

Assim como quem não quer nada, me olha. Eu adoro aquele olhar quando olha pra mim!

Esse olhar é nau rápida, aval da minha alegria, me trás as iguarias todas: teu beijo raro, teu amor ralo, isso tudo, fica só para mim!

Tudo que faltar agente inventa, se ficar pouco agente multiplica, se impossível for, agente imagina, até!

As músicas no rádio só tocam essas histórias insinceras, besteiras discretamente escondidas por de trás de melodias mal arrumadas.

Por favor, esqueça o cara que despeja, esqueça as propagandas de cerveja, esqueça tudo que for fútil, o que vale mesmo é sentar e ver as flores crescer.

Mexer nessa sua complicação de cores usando pinceladas de flores, deixando tudo num colorido de tom rosa-esverdeado.

Flores, flores, flores... Fico aqui pra ser o jardineiro, e cultivar cada batida de teu coração feito o mais belo canteiro.