quinta-feira, 15 de maio de 2008

Depois

Das coisas mais importantes que se pode fazer o que importa é realmente fazer alguma coisa. O significado de deixar as coisas para depois é adiar o que se pode fazer agora e correr o risco de nunca mais fazer nada. E as pessoas costumam aprender isso do modo mais difícil.

Mas não é bem sobre esse depois que eu queria falar hoje. Hoje eu queria falar sobre o depois da certeza, o depois que diz que ainda vai voltar, “te cheiro depois”, “até depois” esse é o bom “depois” que se opõe aquele outro da preguiça.

Depois de tanto tempo, depois de mudar tantos ares, depois de tantos amares, depois de tanto o coração ficar corado, a gente tem certeza que nunca mais vai se perder por tantas vias arteriais e avenidas, a gente sabe que depois, depois vai sempre encontrar nosso lugar.

A gente encontra nosso depois certo na leveza delicada de mão dadas e nunca nas suposições mal arrumadas que às vezes insistimos em formular. O depois certo onde o silêncio é só uma confortável parada para tomar ar (e, às vezes, para perder ar...) e não trégua de alguma disputa sem sentido.

Nós não somos senhores de nossas suposições, muito menos de nossas certezas incertas.

Incertas mas nunca vazias e aí está a beleza do “depois”, ao menos temos a segurança que esse depois de algum modo é desejado e mostra que pelo menos alguém gostaria de ver o depois e que ele seja como se desejou...

domingo, 11 de maio de 2008

Eu só queria ter um lar

Era um barco muito pequeno. Na verdade, se não fosse pela sofisticação do designe, pareceria muito mais uma jangada do que um barco. O timão ficava na parte de tras, já que o tripulante solitário teimava em dizer que a embarcação tinha uma parte de tras e outra da frente, na verdade, ela era tão pequena que nem um “meio” ele dizia que aquilo tinha.

O marujo decidiu que aquela era a vida que queria ter: viajens e mais viajens, praias e mais praias, incontáveis noites e dias no mar pra depois aportar em algum lugar que lhe parecesse acolhedor.

Ele realmente gostava dessa vida... hora essa, a quem eu penso que estou enganando? Eu mesmo amo essa vida! Mas que engano achar que a vida é só isso. Esse mar que tanto me encanta, pelos perigos, pelo desconhecido, é a melhor metafora para mim.

Desconhecido. É isso o que sou. Apenas isso. Eu me desconheço todos os dias quando me olho nos olhos do espelho, cada dia mais careca, e o espelho do barco balança a cada onda, eu me desconheço mais ainda. Eu sou tão fragil e ao mesmo tempo tão descuidado comigo mesmo.

Qual é esse lar que eu queria ter?

Eu queria ter um lar pra navegar. E é isso que eu encontro sempre quando sinto certo cheiro tão familiar que eu fiz questão de decorar. Eu encontro esse lar sempre de manhã quando acordo e me pergunto “o que eu vou fazer de especial hoje?”