domingo, 23 de dezembro de 2012

E Sua voz era doce;
o homem a ouvia, esterrecido.
Era a voz eterna
não infinita, como as ondas do mar, mas
Eterna
além das fronteiras do que se pode entender
porém, tocável,
impronunciável, apesar de todos os ouvidos
a desejarem
com uma fome...

pois nem só de pão
vive um coração...

sábado, 24 de novembro de 2012

Fibras


Reconheço a sua voz pelo retrovisor
Ela é mais que um fantasma
Que sobrevoa a lentidão do cobertor
Não tem mais mãos
(ele nunca teve)

Ouço a usa voz pelo chiado do televisor
Ela é tão infinita
Invadindo meu peito que de solto se agita
E grita
Dilaceradas fibras
Rompem-se de tudo

quarta-feira, 12 de setembro de 2012


Tomei posse de teus olhos
plantas baixas que sou
passou um céu inteiro
enquanto as árvores do canteiro
cantavam a forma indizível das nuvens


abre-se os olhos, contam-se os anos
pra que morrer de frio
quando a vida aquece?
esquece o que passou

o velho se foi, fechou as contas
dos dedos, morreu de luz
deixou seu desejo na esquina
e abandonou o mau hábito

de correr atrás do mundo feito quem
não tem rumo, nem caminho
andar sozinho, mas o amor
quer ser a cor do seu olhar

transborda de amor
pra que todos possam ver
que o sol não se pôs
que um tempo depois da chuva
vamos nos ver

que o teu amor em mim seja
mais do que real (me move)
o tempo não importa se o teu
olhar conforta, deixa-me ser teu

transborda de amor
pra que todos possam ver
que o sol não se pôs
que um tempo depois da chuva
vamos nos ver

transborada de amor
pra que possa o teu querer
em mim se fazer
e eu vá sempre ser
instrumento do teu amor

sexta-feira, 11 de maio de 2012

[A poesia é uma engrenagem fundamental para fazer a dor passar...]

Neguei por milhares de linhas
te conhecer, pois é assim que conto o tempo:
em poesias.

Como eu esperava que ele trouxesse alívio?
Se tirei-lhe engrenagem principal
não há passagem se quero que a pena cale.
Essas linhas são mais que um grito
é o próprio tempo que não sabe passar sem falar.

(Quando criança, contava por contar.
Punha-me, intrigado, duvidando da sagrada infinitez numérica
e ao contar, caminhava)

Sem a poesia dessas linhas
o tempo não caminharia para um novo dia
a manhã seria totalmente vazia
e a chuva, congelaria no ar
intolerantes cristais d'água.

Neguei por milhares de linhas, essas linhas com tantas letras que são você
Assim, o tempo emperrou.

domingo, 18 de março de 2012

Há uma força...


Há uma força em teus beijos
Que não se explica com um simples desejo
Há uma força,
Que não se força ao entendimento mundano
Dos dias pequenos
Há uma força em qualquer um de teus beijos
Onde meus loucos anseios se perdem
Há uma força em um só de teus beijos
Que estoura como fogos de artifício
Num lampejo

Numa chama, me cega, me inflama

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eu tenho em mim um amor

Eu tenho em mim um amor indissolvível em lágrimas, intragável pelas indisposições das ressacas marítimas que se fazem nos dias de despedida. A despedida do dia é apenas um caminhar na praia em horários inapropriados: a espuma leva, mas deixa molhar...
Eu tenho em mim um amor imemoriável, não poderia dizer com precisão onde começou, mas posso dizer, com precisão, que jamais me deixará, queiram as andorinhas ou não.
Tenho em mim um amor insolúvel em mágoas, de partículas tão grandes e maciças, tenho esse amor, inegociável, impenetrável pela oxidação do tempo passado ao ar livre, livre.
Livre...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

De Coração. No Coração.


eu tenho um amor em mim                                                     
que as lágrimas não vão dissolver
eu tenho esse amor em mim
que o mundo não pode me fazer esquecer

amor tão puro
amor verdadeiro
que por mim se deu completo
no madeiro

eu tenho esse amor em mim
desde quando eu era pó
e só por ele é que
a vida havia de ser melhor
                                                                                              
eu só preciso do abraço                                                                              
do Teu amor
em minha vida que a Tua Vida
da morte roubou