quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Chave de Rodas

Embola, gira, roda chave de rodas,

Amola essa cegueira do amor

Girando os parafusos,

Todos tão difusos

Daquilo que esperavam de mim:

Retos riscos, ricos sem pavor

Riscos em ritos sem riscos

Sempre na direção que meu vento

Esteja soprando a favor.


Embora, gira, roda chave de rodas,

Afina essa gagueira da garganta,

A voz ainda sai como cristal rachado

Pedaços incompreensíveis, mal arrumados

Todos quebrados, mas os detenho,

Presos pelo ar como desenho,

Sonoro desenho de criança.

2 comentários:

Josie Pontes disse...

Arnaldo Antunes é o cara!


gostei da poesia, muito rica
gostei dessa parte
"Retos riscos, ricos sem pavor
Riscos em ritos sem riscos
Sempre na direção que meu vento
Esteja soprando a favor."

eu sempre pensei: esse menino vai longe!

Unknown disse...

Me lembrou "Violões que choram"...
Ficou muito bonito o poema, Igu!