quarta-feira, 3 de agosto de 2011


Como posso dizer
"amo-te" sem ofender?
Dizer "quero-te" sem merecer?
Sabendo que querer-te é
em verdade, eternamente não ter
não mais ser, como estrelas que apagam
e, rapidamente, fulminantemente, se alastram
esse não ser é uma estrela morta

como posso dizer
que desejo teu riso contido
meio para baixo, meio não dito?
sem provocar essas tão temidas rugas de preocupação
em teus olhos, em tua testa

como encontrar arestas?
portas abertas onde elas
ainda não tenham sumido
e levado todas as cores junto
pois passas, passos sonolentos

queimar memória
como brinquedos de plastico que estouram

esquecer um sentimento
é perder o sentido de existir

é rasgar uma nuvem por dentro
conter o mundo no pingo de um i
trincar, toda de uma vez, a porcelana da vovó

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