terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Doença

Umas poucas vidas me disseram que a vida que eu levava me trazia aquela doença que consumia tudo que eu era para ser doença, aquela doença me tomava para me transformar nela mesma, era uma dança pouco sincronizada entre mim e ela, era como me ter sem me ter, era como me ser sem me ser, era como apodrecer por dentro, ou um par de sapatos do meu tio.

Uma muita vida me disse que ainda havia esperanças no que eu achava ser apenas um monte de palavras cruzadas, chaveadas por milênios de desinformações, mas as desinformações só se encontravam naquele meu sentimento de rebeldia deslocada, assim como eu e só vi que aquela mesma doença também me cegava quando finalmente enxerguei.

E minhas mãos tocavam lápis, cordas, papel e madeira sem saber o quanto aquilo estava oco, tão vazio por dentro estavam àquelas poesias, a doença também as consumia, remoia cada nota, cada verso, como se deles se alimentasse e os plantasse para seu próprio consumo.

E para ser curado da doença, não bastou toque de gaita, não bastaram palavras vazias, era necessário um toque de uma mão que fez muito mais do que eu, era necessária uma palavra cheia de uma esperança, cheias de uma perfeição que eu não encontraria sem que antes, morresse.

O verdadeiro e perfeito amor embevece-se pela morte...

Foi necessária uma morte para se desfazer doença, e a cura perdura pela vida.

3 comentários:

Srta. Pinheiro disse...

"tragada foi a morte pela vitória."

dá pra perceber a vida preenchendo os espaços que você escreve.

=)

Josie Pontes disse...

e é isso que torna a morte algo belo.

Unknown disse...

O verdadeiro e perfeito amor embevece-se pela morte...


Perfeito de verdade *--*