domingo, 13 de dezembro de 2009

N'algum eu, lá estava

Das multidões abarrotadas que tropecei quando ia para longe de casa, das populosas manhãs de transportes lotados e dos centros abarrotados de olhos curiosos nas vitrines não veio sequer um pedaço.

Das montadoras chinesas e seus funcionários que nada sabem sobre o mundo lá fora que nós nada sabemos sobre o mundo lá dentro deles, das sapatarias vietnamitas de pés e pernas amputadas na guerra, nem sequer da guerra, vieram pedaços.

Das montadoras de chips tecnológicos norte americanas, das montanhas geladas russas, das ruas principais de Paris ou dos pubs ingleses mais famosos, nada veio.

Quando procurei nos vídeos vergonhosos de infância, câmera de cabeça para baixo, e nas fitas k7 gravadas por engano de um gravador ligado, não encontrei se quer uma versão modificada do passado.

Quando procurei nas feições parentais, pensando haver explicações psicanalíticas, só houve confusão, nem as lágrimas nos meus olhos eram iguais.

Então, onde procurar?

Por serem muitos, e por preguiça, de cara, não procurei dentro de mim e tal foi a surpresa quando, n’algum eu, lá estava o amor que agora sou.

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