domingo, 13 de dezembro de 2009

Eu exijo tuas falhas adocicando o chá do meu diário

Por vezes o imprevisto nos ataca como um piloto suicida, como se fossemos o único alvo possível e o imprevisto de um cruzar de olhos errados nos apaixona. O imprevisto imprevisto nos toma.

E é só quando nos encontramos tomados pelo esquisito lugar que chegamos, cheio de cores e cheiros, sem perfumes de terceiros, é só então que no aveludado silêncio da tua voz eu reparo teus erros aprofundados.

Quando não somos mais estranhos, quando não ficamos mais de longe achando que nos conhecemos de algum lugar, quando o frio do chão só corta quando atravessamos o quarto a noite, é que os risonhos riscos aparecem.

E assim, verso a verso vou desejando tais aparições.

Não contei os passos nem os degraus da escada com medo de tropeçar no meu próprio corpo que de tão fóbico de si mesmo esqueceu como se anda e se conta ao mesmo tempo, operação tão fácil na infância, a pouco nem pensava mais quando andava, apenas andava.

E é assim, andando na contramão, que vou desejando suas aparições.

Um erro, só um, e posso respirar, desejo esses erros tão doces todos os dias depois das seis, na hora do chá, do café, na hora de tomar ar, não passo mais sem esses desacertos.

Esses erros são palavras doces escondidas que se tornariam amargas se fossem ditas, palavras palpáveis se pronunciadas, mas displicentemente leves como nuvens só porque não chegaram a tocar o ar. Souffle.

Eu quero os teus erros adocicando o chá do meu diário. Cada página.

2 comentários:

Adrielle disse...

mt bela! de uma linda sutiliza..

Unknown disse...

unnnn...



um erro saboroso!




;*