sábado, 27 de junho de 2009

Prefácio da minha memória...


Eu sento à mesa ao lado para ouvir conversas alheias.
Não qualquer conversa, não me esforço para ouvir besteiras, aguço os ouvidos para ouvir conversas distantes do outro lado do mundo, conversas de um mundo que não nasceu, mas que eu nutro dentro da minha fértil imaginação, fertilizantes não faltam, também pudera, você não para de me dar histórias pra contar...
Eu não troco minha própria pegada por nada.
Por mais que eu mude, sou sempre o mesmo. Aprendi isso ao me dedicar a comprar calçados com sola parecida, não poderei nunca ser um fugitivo de nada, me reconheceriam pelas marcas que eu deixo ao andar.
E eu também ando no branco, ando também em folha pautada, às vezes chego a andar no vidro do espelho embaçado e me reconhecem, as pegadas são sempre as mesmas.
Tem quem jogue conversa fora, eu as guardo com todo carinho.
Guardo todas as conversas que eu consigo em minha cabeça, mas há uma pequena nota no prefácio da minha memória que eu não consigo burlar, simplesmente não consigo fazer com que minha memória apague o que passou... Tanta conversa que passa e fica... Tantos detalhes das casas por onde passei a noite, casas que eu memorizo por medo de ficar sem, mesmo sabendo que vou acabar indo embora como de quartos de hotéis...

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