quinta-feira, 10 de maio de 2007

Cronologia do tempo entre eu e você

É sonho, eu sei que é sonho, reconheço as linhas turvas que chegam a meus olhos fechados. Nele tento me mover, mas não consigo, pareço preso ou parece que meu corpo não obedece mais a mim, será que não é o meu corpo? Não sei. Aquele ali na frente parece tanto comigo...

É... Sou eu. E olhem... Lá vem ela a desfilar diante de minha vista. Será que demonstrei assim meu interesse nela? Pareço tão distraído do mundo, apenas ela tem minha atenção, minha deficiente, cega e tetraplegica atenção parece levantar e caminhar na direção dela e nela parar para não querer sair.

Também pudera... Ela é uma daquelas mulheres... É... Uma daquelas mulheres que Deus fez com as próprias mãos para mostrar ao mais cético dos céticos que existe, sim, um Céu a se alcançar.

Ela se aproxima de mim e encosta seus lábios nos meus, cela minha boca para que eu pare de dizer besteiras e cesse com minhas piadas desgraçadas e infames. E eu sinto esse cheirinho bom de café da manhã em sua boca e de travesseiro em seu rosto, vejo as marcas do seu lençol nas costas dela e sorrio, besta.

Então eu, como observador de mim mesmo a namorar aquela que amo, penso: como eu queria que não fosse sonho, como eu queria que fosse uma lembrança boa de algo já ocorrido que eu acordasse e lembrasse que foi ontem que todo esse acontecido aconteceu... No mínimo que esse sonho fosse uma recordação...

É ai que, entre o continuar a dormir e te ter em meus braços e o acordar para a incerteza de uma realidade que eu nem sei o quanto é real, penso mais uma vez: Em meus sonhos ou fora deles, caso ela não esteja lá fora, esperarei, esperançoso...

Então desperto, empurro o travesseiro, tento me espreguiçar, algo impede, tento empurrar algo ao meu lado e esse algo resmunga palavras que eu não entendo, “será que é o cachorro que subiu de novo na cama? Não, não é felpudo, mas sim, tem uma pele macia...” Abro meus olhos ludibriados ainda com as novas formas que as coisas tomam e olho, você, do meu lado, ainda dorminhoca, aquela que habitava meu sonho, tomou vida e deita-se agora ao meu lado.

Não foi o passado que eu vi, foi o futuro...

2 comentários:

Angélica Paula disse...

to com lágrimas nos olhos... Me ensina a escrever assim?! Sou fã número dois!!!!!!!!!

Angélica Paula disse...

brigada por te me emprestado o cd:

"não te dizer o penso já pensar em dizer"... Valew, Superegoooo!!!