sábado, 21 de abril de 2007

Minhalma Tualma

Perguntas filosóficas sempre me vêm à mente, mas uma em geral me chama mais a atenção “quem sou eu?” Depois de muito meditar, cheguei a conclusão que sou apenas uma alma a muito enamorada por esse corpo terreno, vindo do pó, que pode tocar outros corpos.
Corpos lascivos de mulheres que minhalma tenta projetar-se no espaço para alcançar, mas nunca consegue, pois o corpo mais deslumbrante, aquele que eu nunca ousei imaginar nu, para não perder a divindade que eu criei, dono da mente mais bela, enclausura a alma que mais anseio alcançar.
Sim, esse corpo-prisão que senta ao meu lado para fazer contas, para falar de outros, para explicar-me como quer que o gênio faça seu príncipe, que eu acompanho todos os dias, ao pôr-do-sol, até seus bichanos.
Certo dia aqueles dedos até me fizeram carícias, andaram, marcharam, sobre minha pele, me evocaram para receber outras.
Mas, perguntou a outra prisão sobre algo que eu não poderia saber, envergonhado, apenas taquigrafei em meu caderno as coisas que vim a te falar, um dia... Foi nesse dia, veja só, foi hoje, que recitei todos os meus poemas a ti, só alguns dias depois de, devido a alguns fatos, ter visto uma corrente em teu calcanhar. “Porque?”, perguntei-me “porque te prender a outra prisão?” Indaguei-me se essas correntes iriam para muito longe, ou para alguém por perto, talvez alguém que eu conhecesse...
Segui-as desesperado, pois eu queria saber quem escolhestes para viver contigo, seja quem fosse eu desafiaria! Por ti, combateria até a morte!
Ah, doce morte... Não se sofre quando se morre fazendo o que se ama. O surfista não sofre quando arrebenta seu crânio nas pedras, pois morreu surfando, o maratonista não sofre se morrer correndo e os que amam, não, esses não sofrem quando morrem de amor...
Mas, tamanho foi o meu espanto quando vi, depois de tropeçar, puxado pelo calcanhar, chegando em mim, a ponta da corrente que, saindo de ti, vinha em mim ter um fim.

Texto dedicado a um amigo que sabe quem é...

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